segunda-feira, 1 de abril de 2013

Associações científicas portuguesas elos de ligação com a sociedade civil



Livro de investigadores do Instituto de
Ciências Sociais caracteriza o papel daquelas entidades

2013-03-28
Por Sara Pelicano
Os autores na apresentação do livro, dia 27 de Março, em Lisboa.
Os autores na apresentação do livro, dia 27 de Março, em Lisboa.
O livro “Ciência, Profissão e Sociedade – Associações Científicas em Portugal” é “um pequeno retrato da ciência em Portugal”, sublinha Ana Delicado, coordenadora de uma equipa de investigadores do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, SOCIUS-ISEG e CIES-IUL que trabalharam num projecto de investigação em estudos sociais da ciência executado entre 2010 e 2012.
Ana Delicado, juntamente com Raquel Rego, Cristina Palma Conceição, Inês Pereira e Luís Junqueira questionaram-se sobre o sentido de estudar as associações científicas num país em que a sociedade civil é tida como fraca e onde a ciência só recentemente começou a ganhar notoriedade. A primeira resposta é: “Sim, fez sentido”, diz Ana Delicado.

O trabalho trouxe algumas surpresas à equipa porque quando empreenderam este estudo sobre as associações científicas em Portugal esperavam encontrar algumas dezenas de associações, mas as contas foram feitas na casa das centenas.

“Excluídas associações profissionais e de professores, num sentido mais restrito encontrámos mais de 300 associações científicas. Isto resulta do grande crescimento que a ciência portuguesa teve nos últimos anos, mas também da crescente especialização da ciência que leva as pessoas a juntarem-se em associações sobre temáticas cada vez mais pequeninas. Já não há uma sociedade portuguesa de biologia, há sociedades para a microbiologia, para a biologia celular, para a biologia da evolução”, pormenoriza Ana Delicado.

As associações científicas em Portugal desempenham diversas funções, desde logo servem para unir os cientistas de determinadas áreas, permitem que a comunidade científica se conheça, mas também contribuem para a divulgação da ciência junto da sociedade civil.

O livro proporciona uma imagem abrangente do universo das associações científicas.
O livro proporciona uma imagem abrangente do universo das associações científicas.
Ana Delicado considera que continua a “ser relevante para os cientistas participarem em associações portuguesas da sua área, mas o papel das associações estrangeiras é cada vez maior, sobretudo para a comunicação entre pares. O papel das associações portuguesas está a perder um pouquinho de terreno. As pessoas querem participar em congressos internacionais, em associações internacionais”.

Mas esse maior interesse dos cientistas por associações internacionais não significa que as associações científicas portuguesas percam vitalidade. Adquiram novas competências. “As associações portuguesas continuam a ter um papel muito importante na formação dos mais jovens. Levam os estudantes aos congressos, publicam material que seja interessante para eles, e também têm investido na divulgação científica, ou seja, em levar a ciência a públicos externos. Muitas das sociedades científicas mais antigas ganharam uma nova área de actividade ao organizarem olimpíadas para os estudantes, conferências para públicos não especializados”, sublinha a entrevistada.

O livro “Ciência, Profissão e Sociedade – Associações Científicas em Portugal” é uma caracterização do que existe em Portugal nesta área e “ajuda a perceber, na perspectiva específica das associações, como é que a ciência se tem transformado em Portugal nos últimos anos e quais são as relações que estabelecem com o poder político, com as empresas, com a sociedade em geral e a relação dos cientistas”, conclui Ana Delicado.

O projecto de investigação foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. O livro com as conclusões da investigação foi editado pela Imprensa de Ciências Sociais (ICS) e está disponível na loja on-line da ICS e em diversas livrarias do país.

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