Plataformas online para apoiar o desenvolvimento local

POR 

ANA NEVES

PUBLICADO EM: BLOG IGOVSP, DESTACADOS

Covilhã, Portugal - pela lente de Nessa Gnatoush (via Flickr)

A passada semana estive em dois eventos (este eeste), organizados por entidades diferentes, em cidades vizinhas e com propósitos semelhantes: debater formas de dinamização económica do interior de Portugal.

Uma região envelhecida, com uma grande esperança de vida mas poucas esperanças para a vida, a região de Castelo Branco e da Covilhãprocura formas de reter e atrair capital.

Das muitas intervenções que ouvi, penso que todas referiram a necessidade de trabalhar em rede, de colaborar, de explorar sinergias. Nas muitas intervenções que ouvi, apenas uma referiu a criação de uma plataforma digital. E tratava-se de uma plataforma de comércio eletrónico para os produtos da região.

Não falo de ferramentas ou plataformas tecnológicas por considerar que são panaceia para toda e qualquer doença. Nem sequer sou apologista de que tudo passa por tecnologia. Porém, neste caso, os benefícios parecem-me óbvios.

Divulgar serviços e necessidades

Existem muitos agentes locais que não se conhecem. Como alguém referiu, por vezes é necessário vir alguém de fora, para pôr em contacto entidades da região. Uma plataforma online poderia servir para se darem a conhecer, dar a conhecer os seus objetivos, os serviços que prestam e as necessidades que sentem.

Para além disso, dependendo das características da plataforma, esta poderia ser uma janela para o mundo, permitindo que as sinergias pudessem vir não só da região mas de qualquer ponto do globo, quem sabe até tirando partido de elementos da Diáspora, emigrantes dessas zonas interiores do país.

Post que partilhei via Twitter durante o evento da Covilhã

Partilhar boas práticas

Existe uma grande dispersão geográfica nesta região. Apesar de as distâncias não serem grandes, os acessos conduzem a algum isolamento e reduzem o contacto presencial, e informal, entre as pessoas destas organizações. Daí resulta alguma estagnação de ideias e o perigo de um desaproveitamento de competências. Uma plataforma poderia facilitar a troca de histórias, experiências, etc., para que todos se sentissem mais integrados e expostos a ideias, aprendizagens e informação.

Dar visibilidade e permitir o reconhecimento

A criação de uma empresa, o investimento na sociedade envolvente, o trabalho das organizações sociais, o voluntariado, etc., são atos de grande mérito. Para além das motivações intrínsecas que encontram, é importante encontrar formas extrínsecas de reconhecer o trabalho destas pessoas e entidades. E se as recompensas financeiras são nulas ou tardias, a recompensa mais viável é o reconhecimento público do trabalho realizado.

Uma plataforma online pode ser usada não só para dar conhecimento das entidades existentes mas também das suas realizações e das pessoas que lhes dão vida.

Esta plataforma não precisa ser uma ferramenta tecnológica dispendiosa, nem uma plataforma online específica para este fim. Pode ser um grupo no LinkedIn, um wiki de organizações da região, etc.. As possibilidades são muitas. O que importa mesmo, em considerar as ferramentas sociais como uma “plataforma” (leia-se “um suporte”) para facilitar a atividade dos vários agentes que, pelo menos em teoria, deveriam colaborar e puxar todos para o mesmo lado com o objetivo de injetar esperança, energia e capital na região.